Passo a passo para armazenamento de grãos
O armazenamento de grãos é uma etapa pós-colheita que exige a adoção de práticas específicas para preservar os produtos agrícolas e evitar prejuízos.
O armazenamento de grãos é o processo de guardar e conservar produtos agrícolas em condições controladas após a colheita. O objetivo dessa prática é preservar sua qualidade e evitar perdas até que possam ser comercializados, processados ou consumidos.
Para alcançar esse objetivo, o produtor precisa controlar vários fatores, como umidade, temperatura e a presença de pragas e roedores. Afinal, eles podem causar problemas que levam a perda de massa, queda de qualidade e prejuízos financeiros.
Neste artigo, explicaremos como controlar essas variáveis e fazer essa armazenagem da forma correta, evitando perdas pós-colheita.
Quais fatores influenciam no armazenamento de grãos?
Existem vários fatores que influenciam na qualidade e nas perdas de grãos armazenados. Conheça os principais deles a seguir:
Teor de umidade
Grãos com altos níveis de umidade são mais suscetíveis ao crescimento de fungos e deterioração. Por isso, é importante manter o nível de umidade dentro dos intervalos de umidade recomendados para a cultura.
Por exemplo, a soja deve ser armazenada com teor de umidade abaixo de 11% por até um ano, e entre 9% e 10% durante períodos maiores.
Umidade relativa
A umidade relativa do ar também influencia na sua conservação. Quando a umidade do ambiente é alta, eles podem absorver mais água, o que compromete sua integridade.
Temperatura
O calor excessivo é outro fator que pode causar perdas ligadas à armazenagem. Isso porque temperaturas elevadas podem acelerar o processo de degradação dos grãos. Quando associada a alta umidade, elas ainda facilitam a proliferação de fungos.
Tipos de armazenamento
Os grãos podem ser armazenados em sacos ou a granel. O uso de sacos é mais comum em pequenas propriedades, já que comporta volumes menores de produção.
Já o armazenamento a granel é mais comum em propriedades médias e grandes, uma vez que preserva uma maior quantidade de produtos agrícolas.
Nesse caso, eles podem ser guardados em silos (bag ou vertical), graneleiros, sacarias e paióis. Cada método está associado a diferentes níveis de perda, que variam conforme a cultura armazenada.
Presença de pragas e roedores
Diversas pragas podem comprometer a qualidade do armazenamento e causar prejuízos ao agricultor. Elas são classificadas conforme seu hábito alimentar e o tipo de dano que causam.
As pragas primárias atacam os grãos inteiros e consomem seu conteúdo interno. Entre as mais comuns estão o gorgulho-dos-cereais (Rhyzopertha dominica), o gorgulho-do-arroz (Sitophilus oryzae) e gorgulho-do-milho (S. zeamais).
Já as pragas secundárias atacam grãos já danificados ou quebradiços. Por isso, sua presença indica o ataque de pragas primárias. O besouro-castanho (Tribolium castaneum) e a traça-dos-cereais (Ephestia kuehniella) são exemplos desse tipo de praga.
Além dos insetos, as unidades armazenadoras também podem ser infestadas por pragas sinantrópicas, que são animais adaptados ao ambiente urbano e podem causar danos diversos.
As pragas sinantrópicas mais comuns no armazenamento são os roedores, baratas, escorpiões, formigas carpinteiras e moscas.
Como controlar os fatores que influenciam o armazenamento de grãos?
Aprender a controlar os fatores acima é fundamental para garantir que a armazenagem seja feita com eficiência, evitando perdas até a comercialização da safra. Confira a seguir as melhores estratégias para obter esse resultado.
1. Faça o controle de umidade de grãos
O processo de controle começa ainda na colheita, que deve ser realizada no momento ideal, com os grãos apresentando umidade adequada. No caso do milho, por exemplo, a colheita deve ser feita quando elas estiverem com 14% de umidade. No caso da soja, a umidade deve estar entre 13% e 15%.
2. Adote as melhores técnicas de secagem de grãos antes do armazenamento
A secagem de grãos é uma prática que garante a qualidade e a preservação da produção antes do armazenamento. Além de permitir a antecipação da colheita, ela possibilita o armazenamento prolongado sem risco de deterioração.
Esse processo de secagem pode ser feito de modo natural ou artificial. A secagem natural ocorre diretamente no campo, utilizando a radiação solar e a temperatura ambiente. Por isso, ela é mais lenta e tem um custo menor.
Já a secagem artificial é mais rápida e prática, uma vez que utiliza secadores movidos a gás ou lenha. Embora seja mais cara, ela também tem uma capacidade maior de secagem.
Vale lembrar que existem vários métodos de secagem artificial, como o fluxo contínuo, intermitente, cascata e fluxo cruzado. Cada um deles tem características e indicações específicas.
Na prática, a melhor técnica de secagem de grãos é aquela que atende as necessidades e do orçamento do produtor.
3. Invista no controle de temperatura
Uma das melhores estratégias para controlar esse fator é investir na termometria automatizada. Esse sistema permite o monitoramento da temperatura por meio de sensores instalados em diferentes pontos do armazém/silo.
Se ele indicar que a temperatura está fora da faixa ideal para a cultura, fica mais fácil identificar problemas e adotar medidas para evitar a deterioração dos grãos.
4. Faça o controle de pragas em grãos armazenados
A melhor forma de realizar esse controle é por meio do Manejo Integrado de Pragas de Grãos Armazenados. Essa abordagem integra diferentes métodos para prevenir e combater infestações que podem ocorrer durante o armazenamento.
O ideal é combinar práticas de controle físico, que são preventivas, com métodos de controle químico. Os produtos utilizados nessa estratégia dependem dos objetivos do produtor.
Ele pode aplicar inseticidas como K-Obiol® 25 EC, por exemplo, para combater diferentes pragas de grãos armazenados, como o besouro-castanho e a traça-dos-cereais.
Além disso, o produtor também pode utilizar produtos específicos para roedores, como Rodilon® Bloco Extrusado e Rodilon® Soft Bait.
Quais são os principais problemas enfrentados no armazenamento de grãos no Brasil?
O armazenamento de grãos no Brasil enfrenta diversos problemas que impactam diretamente a competitividade e a eficiência do setor agrícola.
Os principais desafios estão relacionados à capacidade estática e à armazenagem dinâmica. Entenda esses conceitos abaixo e por eles representam um desafio para o país.
O que é capacidade estática e armazenagem dinâmica?
A capacidade estática de armazenamento se refere a quantidade total de grãos que pode ser armazenada em uma estrutura física, como silos ou armazéns.
Já a armazenagem dinâmica é a frequência com que os grãos são movimentados dentro dessas estruturas ao longo do tempo. Na prática, ela representa a capacidade de rotatividade e uso contínuo do espaço.
Por que elas representam um desafio para o setor agrícola?
Enquanto a produção brasileira cresce cerca de 10 milhões de toneladas por ano, a capacidade estática do país aumenta apenas cerca de 5 milhões de toneladas. O resultado é um déficit de cerca de 120 milhões de toneladas.
Isso significa que grande parte da safra anual não pode ser armazenada corretamente por falta de espaço adequado. Além de existirem poucos armazéns, eles ainda são mal distribuídos no território nacional.
Por conta disso, há um déficit de armazenamento em regiões como Centro-Oeste, Nordeste e Norte. Embora sejam grandes produtoras agrícolas, elas têm pouca infraestrutura de armazenagem.
Isso prejudica a logística de distribuição, aumenta os custos de transporte e agrava o problema armazenamento inadequado, elevando o risco de perdas.
Quando a capacidade estática é baixa e a armazenagem dinâmica não é bem gerenciada, ocorre uma pressão para a venda rápida dos grãos, o que pode reduzir os preços e afetar a lucratividade do produtor.
Quais são as recomendações da Envu para um armazenamento eficaz de grãos?
A Envu é especialista no manejo profissional de pragas. Com base na nossa experiência, criamos uma lista com dicas para melhorar o armazenamento de produtos agrícolas na fazenda. Confira essa lista abaixo:
-
Mantenha as instalações de armazenagem e áreas de processamento sempre limpas para evitar o acúmulo de resíduos e a proliferação de pragas;
-
Remova impurezas, restos culturais e unidades quebradas ou infectados da massa de grãos após a colheita e antes do armazenamento;
-
Invista no monitoramento contínuo dos produtos armazenados para detectar sinais de infestações de pragas e roedores com antecedência;
-
Adote o sistema de rotação de estoques, garantindo que a safra mais antiga seja comercializada primeiro;
-
Integre diferentes métodos de controle do MIP, priorizando o uso de produtos químicos específicos para armazenagem;
-
Treine os funcionários envolvidos no armazenamento para reconhecer sinais de infestação e realizar o controle adequado de pragas e roedores.
Ao seguir essas recomendações, o produtor cria as condições necessárias para evitar infestações e manter sua safra mais competitiva no mercado.
Aprenda mais sobre o controle de pragas agrícolas com a Envu!